Os limites que cruzamos e que não melhoram nossos resultados

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Nosso corpo tem um limite.

Cruzar esse limite uma vez ou outra, e por alguma razão específica, pode até ser justificável quando precisamos (por exemplo) entregar um trabalho muito importante.

Entretanto, quando cruzar o limite acaba por se transformar em rotina, isto acabará conosco no médio e longo prazo porque o nosso corpo não aguenta.

Simples assim.

E, o que é pior, quando não só cruzamos o limite, mas todo o esforço a mais que costumamos empregar, principalmente para aquele trabalho “muito importante”, também não ajudará a melhorar a qualidade em si do trabalho entregue – pelo contrário.

O segredo para melhorar está em não se cruzar o limite misturado com conseguir dosar os esforços de acordo com o nosso próprio ritmo.

– Edu, dá para ser mais específico?

Claro.

Vamos pegar como exemplo os textos desta newsletter ou do meu novo livro, que aliás falarei um pouco mais sobre ele daqui a pouco.

De nada adianta ficar dez horas por dia durante uma semana sentado na frente do computador para escrever um artigo ou um capítulo do livro, que as chances tanto da qualidade do material não ficar boa como d`eu (pode isso, produção?) ficar esgotado são de 100%.

Sim, será horrível e o resultado ficará abaixo das minhas possibilidades.

Entretanto, se eu escrever apenas uma hora por dia de manhã cedo ou à noite, a probabilidade de conseguir escrever não só mais artigos e capítulos, como principalmente melhores artigos e capítulos subirá exponencialmente.

Então, neste caso específico sobre a minha produção e rotina de escrita é isto o que preciso fazer e é isto o que tenho feito.

Já entendi e aprendi qual é o meu ritmo, passei a respeitá-lo e, desde então, as newsletters (e o livro) começaram a sair com mais frequência, os elogios aumentaram e a minha saúde nunca esteve melhor. 🙂

Se tem funcionado para escrita, também tem funcionado para as outras tarefas, onde vou adequando o máximo possível o que consigo fazer melhor nos horários em que consigo executar melhor para cumprir os prazos acordados.

Como o Greg McKeown já tinha escrito no excelente livro “Sem esforço”, que aliás foi o foco do último encontro do inspiratiON CLUB, esse esforço a mais não significa um melhor desempenho, sendo que na maioria das vezes isto acabará por sabotar o resultado final.

Quer um exemplo prático que é bem comum?

Vamos recuar um pouco no tempo, quando trabalhava na área de produtos e volta e meia sempre vendedores ou gerentes me ligavam (ainda existe isso?) ou mandavam e-mail perguntando se tínhamos uma “apresentação super-ultra-mega-especial”.

Não tínhamos e nem precisava.

O que tínhamos era uma apresentação padrão muito boa sobre os produtos e serviços da empresa, à qual os bons vendedores costumavam acrescentar alguns slides personalizados de acordo com a realidade do cliente com o qual estava negociando.

Aí ele ia lá para a reunião com o discurso e as respostas na ponta da língua, fazia uma boa ou ótima apresentação (dependendo do dia) e ficava torcendo pelo resultado positivo.

Enfim, a vida como ela é.

Até que surgia a oportunidade de negociar com um cliente (muito) grande, onde um desfecho positivo poderia significar o batimento de todas as metas.

Como num passe de mágica, essa pressão na cabeça dele para conquistar essa conta costumava embaralhar a visão e, então, já achava que a apresentação não prestava.

Não era mais uma questão de personalizar alguns slides de praxe como vinha fazendo até agora, mas sim de querer mudar tudo porque “todos os C-Levels” estariam lá.

E, então, passava o dia todo puxando relatórios para fazer novos slides, mudando as ordens, personalizando e acrescentando outras coisas além da conta “para ter mais material caso eles se interessem”, e isto acabava por entrar noite adentro.

No outro dia acordava ansioso (é óbvio), porém cansado além da conta porque os problemas normais do dia a dia certamente não lhe deram folga no dia anterior, enquanto seu foco era construir a melhor apresentação de todos os tempos para sempre.

E, na hora da tão sonhada apresentação, cara a cara com todo mundo que tinha o poder de decisão, o que acontecia?

Engasgava algumas vezes, pois o ritmo de apresentação e a sequência de slides era diferente da que estava habituado a fazer e, mesmo tendo todo o domínio do mundo sobre o conteúdo, o simples fato do que estava na tela estar diferente do raciocínio ao qual ele estava habituado travava a fluidez.

Isto aumentava o seu nervosismo, passando a impressão para os presentes que ele não só estava inseguro, como talvez não soubesse muito bem sobre o que estava falando.

E, então, a tão sonhada venda já tinha ido para o espaço antes mesmo da reunião acabar.

Sem dúvida o vendedor se esforçou além da conta para fazer com que o seu melhor fosse ainda melhor, mas isto acabou sabotando o seu resultado.

Se tivesse feito o que vinha fazendo, deixando os relatórios extras na manga e alterando os slides que já costumava personalizar, certamente o resultado teria sido outro e sem todo esse esforço adicional que o obrigou a cruzar vários limites desnecessariamente.

O que não quer dizer que time que está ganhando não se mexe – se mexe sim, mas não se muda os 11 jogadores na véspera, pois uma apresentação é treino, é cabeça (fresca e atenta) e os slides (que eram muito bons, por sinal) são apenas pontos de apoio e não uma muleta salva-vidas.

Isto acontecia na empresa em que trabalhava, assim como acontece e continua acontecendo a todo instante em qualquer empresa por aí afora – como inclusive também aconteceu com o próprio autor do livro.

E, definitivamente, isto não significa que os vendedores eram ruins – porque não eram, mas sim porque essa pressão para fechar a “conta da vida” costuma ter esse efeito de que “nada é suficente” e “tem que mudar tudo”.

E isto significa trabalhar (muito) mais, stressando, embaralhando e sobrecarregando a cabeça, quando na verdade o melhor a fazer para se fazer o melhor é conseguir manter a cabeça equilibrada e focada naquilo que realmente importa.

É isto o que muda o jogo e a nossa vida.

Obs. Foto que ilustra o texto: Kai Pilger

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Lembra do livro que estava escrevendo e que entreguei um dia depois do meu aniversário?

Pois é, olha a versão quase final dele aí impresso e recortado! 🙂

Ele será sobre como quebrar o círculo vicioso da inércia e tirar os projetos do papel para virarem realidade – como, aliás, é o próprio caso deste livro.

Entretanto, para fugir do modelo convencional que todos já se acostumaram a ver nos livros de negócios/desenvolvimento pessoal, aqui haverá a curiosa mistura de uma história que amarrará os textos e os exercícios.

Mas não só.

Também haverá ilustrações – (muito) mais que uma dezena delas, inclusive, e isto não é mera força de expressão.

Até mesmo por isso que fiquei duplamente feliz quando o incansável Maicon Moura resolveu entrar como o meu parceiro nesta empreitada, pois ele desenhou e ilustrou como nunca (literalmente) e o resultado está ficando cada vez melhor a cada nova revisada.

Enfim, mais para frente falarei (ainda) mais sobre o livro por aqui, mas por agora foi só para dar este ponto da situação e compartilhar esta alegria de que está chegando a hora.

– Edu, já tem data para o lançamento?

Ainda não definimos, mas será em Novembro e com certeza você será a primeira pessoa a saber por aqui. 😉

Obs. O elefante não está ali por acaso.

Português que nasceu em Moçambique, foi criado no Brasil, empreendeu em Portugal e agora está de volta ao Brasil para continuar ajudando as pessoas a transformarem o conhecimento em um negócio/produto de valor.

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