Atitude e o seu único objetivo para esse ano

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Estudei administração na UFF na década de 90 e, por conta disso, acabei me mudando para Niterói, onde dividia um apartamento com mais 4 (recém conhecidos) amigos durante a semana e voltava para a casa dos meus pais no RJ nos finais de semana .

Deixava, então, na casa deles, o vídeo cassete Panasonic de 4 cabeças gravando o Jô Soares Onze e Meia durante a semana – hábito que tinha mesmo antes da faculdade, até porque o programa começava sempre depois da meia noite no SBT.

Quando voltava para lá nos finais de semana, dava aquela olhada rápida nas gravações para ver quais foram os entrevistados e então escolhia quais iria assistir.

E assistia, me divertia e aprendia muito – tanto com o (saudoso) Jô, do qual já era fã desde os tempos do humorístico “Viva o Gordo”, como com aquela penca incrível de convidados que passou por ali.

Um deles, em especial, me marcou muito: o rabino Nilton Bonder.

Até ali nunca tinha ouvido um rabino falar, o que dirá então assistir a uma entrevista completa, mas como ele estava lançando um livro – A cabala do dinheiro – fui fisgado imediatamente e lá dei o play.

E, não só amei a entrevista, como no dia seguinte já tinha comprado o livro e, naquela semana, já o tinha devorado.

Fiquei encantado.

Mas o que mais me chamou a atenção, e mudou a forma como passei a enxergar a vida a partir dali, foi quando ele explicou como os judeus viam a questão da sorte e do azar.

Para eles é uma questão de crédito e débito.

Ou seja, quanto mais coisas boas fazíamos, mais crédito acumulávamos na nossa “conta no além” (por assim dizer), bem como quanto mais coisas ruins eram feitas, mais débitos tínhamos.

E isso norteava a nossa vida através de ciclos, que poderiam ser curtos, médios ou longos, quando a sorte ou o azar – frutos dessa conta invisível de débito/crédito – se materializava em nossos atos cotidianos.

Exemplo: quebrar um copo, que parece uma coisa ruim (e fisicamente até é), na verdade poderia ser um sinal de sorte.

Isso porque essa quebra poderia ter sido o ápice de um ciclo de azar (curto, médio ou longo) que estaria se encerrando para dar início a um novo ciclo de sorte (curto, médio ou longo).

E esse novo ciclo poderia trazer coisas grandiosas, como uma resposta positiva para um novo emprego ou um contrato importante há muito tempo esperado, ou então coisas menores e banais, como achar rapidamente uma vaga para o carro no shopping na véspera do Natal.

Sabe aquela questão da fase boa ou ruim que sempre estamos atravessando?

Pois é.

Através de períodos maiores ou menores, essas fases vão se alternando o tempo inteiro e a grande variável que interfere no andamento desses ciclos de sorte/azar é justamente a nossa ação.

A nossa atitude.

E toda atitude, consciente ou inconsciente, gera uma reação que sempre acabará voltando para nós mesmos.

Se a reação for negativa ou positiva (como fui percebendo no dia a dia), bastava voltar um pouquinho no tempo para analisar qual foi a origem da atitude (o tipo de ação ou omissão) e perceber que ela tendia a se repetir, gerando resultados parecidos.

Os tais círculos viciosos e virtuosos, que acabam sofrendo então uma maior ou menor influência desses outros ciclos de sorte/azar (débito/crédito) que os judeus acreditam, e que vão se cruzando em todos os instantes.

Entender isso foi um divisor de águas e, não à toa, o meu site até outro dia chamava-se Círculos Virtuosos, sendo que eles não só aparecem em várias postagens que tenho feito ao longo do tempo, como também estão presentes no novo livro Tire o elefante da sala.

E tudo começa, repito, com a atitude.

Ela é o ínicio, o fim e o meio (parafraseando a famosa canção).

Sem ela, tudo acaba acontecendo à sua revelia, o que na maioria das vezes não é tão bom assim, né?

Então, antes de olhar para aquela lista com as resoluções para 2024 e sair fazendo por fazer as atividades apenas para dar um “check!” – e é por isso mesmo que a maioria será abandonada (muito) antes da metade do ano, vamos fazer algo mais simples (o que não quer dizer que seja fácil), mas muito mais eficiente: concentre-se apenas em você.

Sim, você.

O que você gostaria de se tornar e/ou como gostaria que as outras pessoas te vissem até o final desse ano?

E o principal: por que?

Calma.

Respira, pois essa resposta nem sempre é fácil, justamente porque permite várias interpretações – desde o tradicional “quero me tornar referência em minha área de atuação” até o “quero ser mais organizado”.

Não há certo nem errado, mas sim o que precisa ser feito – e às vezes esse “ser organizado” é até mais importante naquele momento da pessoa para conseguir executar depois as ações que a ajudarão na caminhada para “tornar-se referência”.

É através dessa clareza que todas as outras metas e atividades começarão a fazer (ou deixar de fazer) sentido e, dessa forma, você terá uma razão muito forte para fazê-las ao invés de uma empolgação passageira.

Será a partir dessa clareza que um grande círculo virtuoso começará a ser formado, pois cada ação rumo a esse objetivo gerará resultados e feedbacks, que se tornarão aprendizados, e que melhorarão as novas ações que serão tomadas a partir daí.

Internamente você também acabará ficando cada vez mais forte e será essa força que te ajudará não só a superar os ciclos de azar que com certeza irão surgir (como os judeus já nos ensinaram), como também aproveitar melhor os ciclos de sorte vindouros.

E eles certamente virão – desde que você não fique “sentado no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar” como já dizia a célebre canção, não é mesmo? 😉

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Foto do nadador: Quino AI, do xadrez: GR Stocks

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Português que nasceu em Moçambique, foi criado no Brasil, empreendeu em Portugal e agora está de volta ao Brasil para continuar ajudando as pessoas a transformarem o conhecimento em um negócio/produto de valor.

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