Parece que foi ontem, mas daqui a pouco o Natal já estará batendo em nossa porta novamente.
Se você é como a minha esposa, que ama (muito) o Natal, provavelmente já deve ter montado a sua árvore, pois a nossa – advinha? – já está lá firme, forte e operante.
O curioso é que quando esse assunto natalino surgiu num dos grupos dos quais participo, resolvi postar essa foto:
E alguém logo respondeu: “nem vou mostrar a minha porque essa parece até de shopping”.
Brincadeiras à parte, mas por que não mostrar?
Há algum problema se a árvore for pequenina e tiver meia dúzia de bolas – ou nem isso?
Pois é, ZERO problema, até porque não estamos numa competição de “a árvore mais bonita da cidade”, né?
Agora vamos extrapolar esta história de “não mostro a minha porque a sua é melhor” acrescentando uma pitada do nosso dia a dia: quantas vezes deixamos de mostrar o nosso trabalho ou o que estamos fazendo porque já há tantas “árvores de shopping” por aí?
Pois é.
Não é porque a outra possa ser (bem) melhor que a sua não tenha valor.
Esse é o efeito nocivo da comparação, especialmente navegando nas redes sociais pela internet afora, pois o tempo todo parece que vivemos na era da parouimparização.
Como se tudo fosse um par ou ímpar, onde cada olhada é uma só jogada e acabou.
“O meu é melhor – ganhei!” ou “O meu é pior – perdi”.
Ok, mas E DAÍ?
E daí que ganhou ou perdeu?
Ou melhor: ganhou ou perdeu O QUÊ?
Pois é, nada.
A vida não é um par ou ímpar, mas sim um grande quebra-cabeça.
Lembra que sempre digo que tudo ao nosso redor é inspiração e que não deveria ser encarado como comparação?
Justamente porque quando o seu olhar é o de comparação, na maioria das vezes é você quem “perde” nesse par ou ímpar que só existe dentro da sua cabeça, e então o desânimo aparece e a vontade de desistir ou nem começar só cresce.
– Ah, mas não dá para competir com essa pessoa – vira o pensamento comum.
Mas cá entre nós: aquela determinada pessoa que você acompanha (porque deve estar fazendo algo muito bom) nem sabe que você existe.
Ou melhor, nem sabe que você está “competindo” com ela.
Na verdade, você compete o tempo todo é com você mesmo, pois você será sempre o seu maior e o seu pior inimigo.
A partir do momento em que isso ficar claro, você começará a deixar de se comparar com tudo e com todos e passará a enxergar tudo e todos como fonte de inspiração.
Você deixará de tomar o veneno do “esquece, pois ela faz (muito) melhor do que eu” e passará a beber do “isso que ela faz é muito legal, E SE eu fizesse também?” ou “E SE eu fizesse mudando isso ou acrescentando aquilo?”.
Você se libertará da parouimparização e começará, então, a olhar ao seu redor com o olhar de inspiração em busca dessas peças.
Às vezes elas estarão disfarçadas de melhorias, outras vezes estarão disfarçadas de problemas, e outras vezes estarão lá tal e qual para uso imediato – disponíveis como o input necessário para fazer a conexão que faltava ou então para gerar uma nova ideia.
É desta forma que os nossos projetos ganham vida e a nossa vida ganha sentido.
Uma peça de cada vez, mesmo que às vezes alguma pareça não se encaixar.
Afinal, como já dizia o mestre Saramago no clássico livro “Ensaio sobre a cegueira”: “Se podes olhar, vê; se podes ver, repara”.
E acrescento: se reparas, já estás quase lá. 😉
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Obs. Foto da capa: Ryoji Iwata , Árvore: arquivo pessoal , Espelho: Alexei Maridashvili
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