Por Eduardo M. R. Lopes
Ao encontrar um amigo numa festa no último final de semana, perguntei-lhe “como andam as coisas” e, entre um sorriso meio amarelo e uma leve expressão de tristeza no rosto, a resposta foi categórica: “na correria”. “Mas aonde você quer chegar com essa correria toda?”, retruquei. Ele respirou fundo, olhou para o chão, como que pedindo desculpas, e disse: “Não sei, é a correria da vida”.
É verdade que a vida é e continuará sendo uma correria só – tanto para os que sabem como para os que não sabem porque e para onde estão indo; Entretanto, o mais curioso é observar que se você fizer uma pesquisa com as pessoas com as quais você se relaciona habitualmente, sejam elas seus amigos, colegas de trabalho ou familiares, a resposta da grande maioria também deverá ser o tal “na correria” (incluindo como bônus, infelizmente, o sorriso amarelo e o ar de tristeza) e poucas serão as respostas daquelas que conseguirão te explicar exatamente para onde estão indo e o quão longe ou perto estão de chegarem com essa correria toda. Tal como no trecho da clássica música “Time” do Pink Floyd, que diz que “No one told you when to run / You missed the starting gun / And you run and you run to catch up with the sun but it’s sinking”, esse mar de gente continuará correndo às cegas, como os ratinhos de laboratório em cima das esteiras, à espera de uma intervenção divina que irá resolver todos os problemas em apenas um passe de mágica. A péssima notícia é que dificilmente isto irá ocorrer e, daqui a dez anos, todos estarão na mesma correria, porém mais velhos, com um grau de estresse mais elevado e um cansaço mais latente, presos numa espécie de círculo vicioso que tenderá a acabar de duas maneiras: ou quando perderem a comodidade do porto seguro em que estiverem, que será quando precisarão se reinventar para (no mínimo) tentar reconquistar o que perderam, ou quando toda a saúde que lhes resta já tiver ido embora – e aí já terá sido tarde demais.
O ponto positivo é que ainda somos livres para decidirmos os nossos destinos e, em qualquer fase da vida, poderemos fazer um pit stop para checarmos se estamos de fato na direção correta ou se precisaremos fazer algum ajuste na rota da nossa vida. E, se o ajuste for mesmo necessário, que seja feito o quanto antes, pois a direção para onde se deverá ir será sempre mais importante do que a velocidade e de nada adiantará acelerar na velocidade máxima para chegar mais rápido a… lugar nenhum – a não ser que você queira continuar correndo por correr.
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