Pode rir, mas não desacredita não – foco, flow & go!

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Por Eduardo M. R. Lopes

Mais um dia em que o sujeito chega (muito) tarde em casa e percebe que, além de não ter encontrado sua filha acordada e o corpo estar em frangalhos, o sono não vem – e, quando finalmente consegue fechar os olhos, o despertador já está chamando-o para mais um novo dia.

A cabeça está a mil por hora por conta dos trocentos desafios no trabalho, dos cursos de desenvolvimento que ele vai fazendo em série, dos projetos paralelos nos quais se envolveu e que segue tocando quase que por instinto.

Aí, durante o banho, naqueles delírios típicos de quem está viajando sem sair debaixo do chuveiro, pelo ouvido esquerdo chega a voz do Daniel Goleman recitando trechos do livro “Foco” enquanto que pelo ouvido direito chega a voz do Mihaly Csikszentmihalyi recitando trechos do livro “Flow”.

O sabonete cai e ele não liga, nem se secou direito mas já largou a toalha no canto e colocou a primeira roupa que encontrou pela frente pois, mais do que nunca, sentiu que o tempo urgia como nunca tivera urgido antes. Mal chegou ao trabalho e já foi logo procurando o gestor imediato para lhe contar a bombástica novidade: “preciso de férias”. E ele, complacente, assente com a cabeça e pergunta: “vai viajar?”. E o sujeito diz: “não, vou ficar em casa escrevendo o meu livro”. O gestor então dá um sorriso sincero, ainda que tenha ficado na dúvida se o sujeito surtou de vez, se realmente está precisando muito das férias ou se as duas hipóteses são verdadeiras, e volta apressado para o conforto dos problemas que brotam como gremlins no seu laptop.

O sujeito então começa a contar para todo mundo o objetivo das suas férias, mas como muitos não leram o livro do Mihaly e nem o do Daniel, não conseguem entender direito porque que ele vai abrir mão de ficar com a esposa e a filha para se esconder durante uma semana atrás de um computador dentro do quarto para passar uma semana das suas tão sonhadas férias apenas e tão somente… escrevendo.

Muitos não sabem dos sonhos do sujeito, alguns até conhecem e já compartilharam algumas coisas que ele andou escrevendo ao longo do caminho, mas quase todos concordam que ele deve ter surtado. Ele também acha que está louco, pois já vinha travando essa batalha dele com ele mesmo escrevendo esse livro há algum tempo e estava naquela fase de ter dúvidas se isso realmente lhe deixaria feliz ou ainda se ele se poderia fazer disso uma nova atividade – afinal, se vamos viver todos até os 80 anos, é bom acharmos logo as atividades que começarão como plano C ou B e que poderão virar o plano A quando nos aposentarmos do mundo corporativo.

Ele então tira as férias, vai lá e escreve. De segunda à sexta, das 9h às 18h, ele escreve, relê, corrige e segue escrevendo. Sem internet, sem telefone, sem redes sociais – enfim, um trabalho como outro qualquer com uma grande diferença: enquanto ele esteve ali durante todos os dias e em 100% do tempo ele entrou no “flow”, que é aquele estágio mágico em que o sujeito está tão feliz desenvolvendo uma atividade que a sua concentração atinge o ápice e o tempo passa num piscar de olhos até que se dê conta de que o relógio despertou marcando os intervalos para levantar e tomar água, almoçar e encerrar a escrita do dia.

Ao final, ele sorri e entrega para a esposa o primeiro livro concluído, e vai correr atrás dos seus contatos para começar a montar a capa e ir planejando o lançamento. Entretanto, após a leitura, sua esposa diz que não dá para lançar, pois alguns trechos ficaram sem nexo e que seria interessante acrescentar mais um capítulo para deixar tudo bem encaixado de forma que a transição fique fluida para o segundo livro (sim, será uma trilogia).

O sujeito então sofre um choque, pois para ele esta fase já havia se encerrado, mas reflete bem e acaba concordando. O “problema” é que agora ele precisava voltar para a “vida normal” de trabalho/família, mas tudo bem pois suas escolhas estão mais fáceis: tudo o que não fosse relacionado ao livro, ficaria em stand-by. E lá foi ele virar novas noites para escrever mais e fechar estes gaps, mesmo que agora os fatores tempo e cansaço voltaram a jogar contra ele. Faz parte.

Feliz da vida, começou a contar sobre o “filho” que estava prestes a nascer. Perguntado a respeito dos seus objetivos com esse lançamento, ele começava dizendo que era a realização de um grande sonho, mas que almejava ser o primeiro autor em língua portuguesa a conquistar a “Tríplice Aliança”. Afinal de contas, como ele é um português que nasceu em Moçambique mas que mora no Brasil desde bebê, enxergava-se no futuro vendendo tantos livros como o brasileiro Paulo Coelho, sendo tão respeitado no meio literário como o moçambicano Mia Couto e recebendo um nobel como o português José Saramago.

Ele falava isso sério, mas todos que o escutavam riam, sendo que muitos de forma quase histérica enquanto outros praticamente rolavam no chão de tanto gargalhar. Ele observava cada reação e se lembrava do empresário Flávio Augusto da Silva (Geração de Valor), que costumava dizer nos seus podcasts que quando você fala sobre os seus sonhos/projetos e ninguém ri é porque os seus sonhos/projetos não são nada ambiciosos.

Ele então, inabalável, sorria educadamente de volta para todos os seus interlocutores, fazendo sempre questão de encerrar as conversas citando os clássicos versos do rap “Vida Loka (parte 2)” dos Racionais: “Pode rir, ri, mas não desacredita não”.

Se o livro será um sucesso retumbante ou se fará parte das estatísticas indo direto para o cemitério dos livros esquecidos (viva Carlos Zafón!), em breve o tempo dirá; porém, o mais importante é que este antigo sonho, que já lhe “roubou” tanto tempo e dedicação, já está na boca do forno e ganhará vida própria no início de 2017.

Enfim, essa jornada literária está apenas começando, mas a receita para não se desvirtuar do caminho é bem simples: Foco, Flow & Go!

Vamos nessa?

Em tempo I: sim, é o meu livro que finalmente (e orgulhosamente) está nascendo e, se você quiser saber mais detalhes, basta continuar nos acompanhando aqui no blog e também se cadastrando na nossa lista de e-mails.

Em tempo II: Para saber mais sobre os outros dois livros que citei:

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Português que nasceu em Moçambique, foi criado no Brasil, empreendeu em Portugal e agora está de volta ao Brasil para continuar ajudando as pessoas a transformarem o conhecimento em um negócio/produto de valor.

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4 Responses
  1. Conceição Lopes

    Que o teu sonho se concretize,eu acredito meu filho e parabéns por vc nunca desistir e acreditar nos teus sonhos.
    Bjs

  2. Adriano Maskalenkas

    Como sempre, uma leitura boa, honesta e a sua cara!
    Sucesso, meu amigo!! Duvido, mas nao desacredito….e minha dúvida é só para te provocar a me contrariar.

    Grande abraço!!

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