A zumbificação nas empresas e a crise

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Por Eduardo M. R. Lopes

Em tempos de aumento de inflação, de vendas em baixa e de demissões em massa, parece que no Brasil não se fala em outra coisa: é a crise! Tudo bem (ou seria mal?) que diante de todo esse cenário todos ficarem (ainda) mais preocupados, fazendo (cada vez mais) contas, procurando alternativas ou oportunidades e planejando planos B e C por aí afora; entretanto, há uma parcela da população que certamente está ainda mais preocupada do que nós, meros mortais, até mesmo porque ainda que pareçam “imortais” (só pareçam), na verdade estão mais zonzos do que nunca sem saber de qual lado virá o golpe certeiro que decretará o seu fim: trata-se dos zumbis corporativos.

Tal e qual o mundo criado nas excelentes graphics novels do The Walking Dead, e recriado no ótimo seriado televisivo, o grande livro “Corporate Zombies – Manual de sobrevivência corporativa” de Victor Sardinha e André Ferreira bebeu muito bem desta fonte e fez a ponte perfeita para o mundo corporativo para nos ajudar a identificar melhor todo esse processo de zumbificação das pessoas dentro das empresas e como esses tipos específicos de zumbis são mais reais do que poderíamos supor (podem, inclusive, estar na baia ao lado da sua neste momento).  Mas o pior é que eles continuam se proliferando firmes e fortes, independente da posição que ocupam ou do tempo de casa que possuem, vivendo com apenas um propósito: alimentarem-se do poder do sistema. E por aí vão se arrastando (e se escondendo), vagando na base do “não mexe com quem está quieto”, sempre próximos das lideranças (quando não são as próprias lideranças!), nunca tomando decisões de alto impacto, participando de projetos medianos, vivendo do passado e desencorajando o novo de forma que as velhas soluções de guerra continuem sendo tomadas para que nada de fato seja mudado, e assim o status quo seja mantido – até aparecer uma crise (como essa) pelo caminho que obrigue a empresa a se mexer. Aí então será um Deus nos acuda quando os galhos começarem a ser sacudidos e os zumbis que lá estavam escondidinhos começarem a cair, o que acabará sendo ótimo para as empresas, diga-se de passagem, até mesmo porque eles não fazem falta alguma e também não deixarão a menor saudade, pois se não estão nem um pouco preocupados com a própria evolução, o que dirá com a evolução da empresa.

corporate zombies livro

O problema maior, na verdade, será se eles não caírem nessa sacudida e nem forem identificados a tempo, sob o risco da empresa toda estar contaminada e já ter se transformado numa verdadeira empresa-zumbi sem ter percebido – e aí será muito fácil colocar a culpa na crise quando o fim (falência) for decretado, quando na verdade o verdadeiro problema estava ali o tempo todo e ninguém viu ou não quis ver, ou ainda não entendeu.

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2 Responses
  1. Penso e acredito exatamente como exposto no artigo. Muitos vivem num mundo apartado e contaminando todos ao seu redor com pensamentos reduzidos, mesmices, zonas de conforto, pseudo-conquistas. Quando o mercado solicita pessoas pró-ativas, dinâmicas, atualizadas e antenadas em tendências e mudanças, só resta ver os “zumbis” se definharem frente aqueles que se tornam uma resistência e vencem o problema, pois entendem que o problema já existe, mas quais possibilidades de solução ainda estão ocultas? Ter uma visão diferente de que um problema pode ser algum ruim ou bom, pois ali poderá ter uma oportunidade ainda não explorada, pode ser a razão de sucesso ou queda de alguém ou empresa.
    A analogia do artigo serve para uma excelente reflexão pessoal.

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