Você é um ser humano humanizado?

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Tenho andando confuso com a quantidade de empresas e pessoas se dizendo “humanizadas” que tem aparecido ultimamente.

Outro dia, inclusive, tomei um susto quando abri o Linkedin e me deparei com pessoas que trabalham em Recursos HUMANOS exaltando essa questão como um grande diferencial.

Não, elas não são robôs, muito embora suas ações até possam parecer robóticas, mas por alguma razão passou a ser necessário (?!?) frisar que são humanas.

Tempos estranhos, hein?

Pois é.

Assim como o mestre Isaac Asimov, que nos seus livros criou as Leis da Robótica para que os seres humanos não fossem exterminados pela sua própria criação (os robôs), talvez seja a hora de escrevermos as Leis da Humanização.

E a primeira Lei seria parecida com a do Clube da Luta: Um ser humano nunca diz que é um ser humano.

Mas já que isso aparentemente virou um diferencial requisitado, me peguei imaginando como seria uma entrevista nesta nova realidade e subverti a ordem das coisas.

A entrevista

– Qual é o seu grande diferencial?
– Sou um ser humano humanizado.

A moça do outro lado da tela sorriu com ar de satisfação.

– Ótimo! E como um ser humano humanizado como você poderia ser útil aqui na empresa?
– Posso te fazer uma outra pergunta antes de responder?
– Claro.
– Quantos seres humanos humanizados vocês contrataram neste último ano?
– Que eu me lembre, nenhum.
– E vocês estão crescendo no mercado trabalhando com marketing humanizado, certo?
– Certo.
– No site da empresa diz que todas as vendas são feitas de forma humanizadas, não é mesmo?
– Sim.
– No descritivo para esta vaga, também diz que o RH trabalha de forma humanizada, correto?
– Correto.
– No blog da empresa, há posts sobre conexão humanizada, consultoria humanizada e humanização as a service, entre outras, certo?
– Sim.
– Vejamos: se a empresa está se humanizando e vocês não contrataram nenhum ser humano humanizado para isso, com um autêntico ser humano humanizado conseguiríamos injetar uma dose real de humanização humanizada para crescermos de forma exponencial, né?

Ela sorriu mais uma vez.

– E como seria a atuação de um ser humano humanizado?
– Observando, pensando, questionando, olhando nos olhos e ouvindo os outros seres humanos, atuando mesclando a razão com o coração para quebrar padrões e criar novos caminhos.

Ela continuou sorrindo, balançou a cabeça em tom positivo e prosseguiu.

– Agora, posso te fazer uma pergunta indiscreta?
– Claro.
– Como teríamos certeza que você não é um robô ou um emulador de robôs trabalhando entre nós?
– Só os seres humanos humanizados conseguem criar e entender ironias.

Silêncio.


– E como é que conseguimos testar isto de forma prática?
– Isto já é um teste, né?

Ela pensou por dois segundos e então soltou uma gargalhada.

– Com certeza! Olha, adorei a entrevista, muito obrigado pelo seu tempo e acho que você será muito útil aqui na empresa.

Sim, serei.

Serei?

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Português que nasceu em Moçambique, foi criado no Brasil, empreendeu em Portugal e agora está de volta ao Brasil para continuar ajudando as pessoas a transformarem o conhecimento em um negócio/produto de valor.

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