Use e abuse do E SE? para construir o futuro e nunca para remoer o passado

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A vida é uma grande coleção de oportunidades perdidas e aproveitadas, e que no final das contas só fará sentido quando olharmos para trás.

E, algumas vezes, até daremos graças a Deus por termos perdido a maior oportunidade de toda a nossa vida.

Como aconteceu com o escritor George R.R. Martin.

Se você não associa o nome à pessoa, George é o autor premiado e bestseller com mais de 100 milhões de livros vendidos da saga As crônicas de gelo e fogo.

E do qual o título do primeiro livro, Game of Thrones, acabou por nomear um dos seriados mais vistos e famosos da história.

Mas o mais curioso, como ele postou outro dia no twitter, é que se o obscuro Doorways tivesse virado seriado (como quase foi), tudo poderia ter sido diferente – para o bem ou para o mal, mas é bem provável que ele não teria continuado a escrever o que se tornaria esse fenômeno literário e televisivo.

E não o teria transformado no “(J.R.R.) Tolkien americano”, sendo colocado no mesmo pedestal do genial escritor que levou a literatura e, em especial a fantasia, para outro patamar com o aclamadíssimo O Senhor dos Anéis.

Aliás, essa história é curiosa demais e ele a escreveu no sensacional prefácio intitulado “What if?” (E Se?) na versão em quadrinhos de Doorways (que eu tenho! 😊), mostrando que a vida é o que ela é (e não o que poderia ter sido) e que, por isso mesmo, precisamos seguir sempre em frente.

Ele se formou em jornalismo, mas como não conseguiu emprego na área, começou a escrever suas histórias de fantasia e ficção científica para vender para revistas e jornais.

Conseguiu e assim descobriu um caminho para seguir.

Acabou publicando 3 livros, que até foram relativamente bem, mas o seu quarto livro “The Armageddon Rag” foi um fiasco comercial completo.

Diante do fracasso, mudou-se para Los Angeles para escrever roteiros para filmes e séries, e acabou entrando no time da nova versão do clássico seriado de tv “The Twilight Zone”.

Sua vida profissional agora estava em Hollywood, mas de volta para descansar em sua casa no Novo México, entre um roteiro e outro, acabou escrevendo as primeiras 100 páginas do que poderia ser um novo livro – o embrião de Game of Thrones.

Foi aí que o seu agente o chamou de volta para Los Angeles, pois havia conseguido entrevistas com as tvs FOX, ABC e NBC para que ele apresentasse projetos para novos seriados.

E o que é melhor: o SEU seriado.

Ele levou duas cartas na manga: The Skin Trade, uma novela de fantasia que havia ganho um prêmio internacional, e Doors, que era um esboço que ele tinha na cabeça sobre uma garota que vivia em dois universos paralelos.

Ninguém se interessou pela sua novela premiada, mas todos amaram Doors – talvez porque na época (início dos anos 90) não houvesse nenhum seriado falando sobre isso.

E ele acabou fechando contrato com a ABC para fazer o piloto.

O céu agora era o limite.

Afinal, o que poderia ser melhor do que gravar um piloto do seu próprio seriado, rebatizado como Doorways, para uma das maiores emissoras dos Estados Unidos exibi-lo em horário nobre?

Só mesmo o piloto ser aprovado.

Pois é.

Mas aí, para resumir, tantas coisas aconteceram com as infinitas mudanças que a televisão mandou ele fazer nos diversos roteiros, além das (re)gravações e ajustes, que mesmo com o “sinal verde” engatilhado para o piloto virar seriado, na hora H a bola bateu na trave.

Ou seja, do segundo semestre de 1991 até o primeiro semestre de 1993 trabalhando arduamente no projeto de sua vida, nesse período as pessoas dentro da ABC que apoiavam Doorways foram mudando de emprego até que, finalmente, a nova direção resolveu que ele não iria mais ao ar porque uma outra série de maior apelo pop havia sido aprovada para o horário: Lois & Clark.

Sim, o Clark é o Clark Kent – o Superman.

E ninguém ganha do Superman, né?

Pois é.

Com essa triste derrota no bolso, ainda continuou por um tempo trabalhando nos bastidores das tvs, supervisionando e trabalhando com outros roteiristas por lá.

Depois voltou para o Novo México e resolveu terminar de escrever uma daquelas histórias que acabaria sendo o seu novo livro: A guerra dos tronos; que, aliás, seria o primeiro livro da trilogia (que se transformaria em 7 livros) As crônicas de gelo e fogo.

Em 1996 este primeiro livro foi publicado e o resto é história com H maiúsculo.

Se Doorways tivesse realmente estreado, nunca saberíamos se a série teria tido sucesso ou não.

Entretanto, o George já antecipou que provavelmente ele teria permanecido por muito mais tempo na televisão e assim não teria tempo para continuar escrevendo Game of Thrones, que era um dos tantos rascunhos de histórias de livros e novelas que ele costumava escrever.

E a sua carreira teria seguido um rumo bem diferente.

E hoje todos nós, inclusive ele, damos graças a Deus por isso.

Por isso que a vida só faz sentido quando olhamos para trás e vemos as peças todas encaixadas, pois para a frente será sempre um grande ponto de interrogação.

Mas para que toda essa engrenagem funcione, esse ponto de interrogação deverá vir sempre precedido de duas palavrinhas mágicas que nos empurram para a ação: E SE?

Afinal, só quando avançarmos com o E SE? é que as respostas começarão a aparecer, novos caminhos serão descobertos e a nossa vida seguirá sendo construída de acordo com o que acreditamos.

É óbvio que nem tudo dará certo, como também nem tudo dará errado, mas como no exemplo acima, o errado muitas vezes se transforma no caminho que acaba dando (muito) certo.

Ou há alguma dúvida que todo esse “tempo perdido” nos estúdios em Los Angeles para não ver Doorways nascer, não lhe deixou algumas portas abertas quando a sua verdadeira obra-prima ficou pronta?

Pois é.

Por isso que olhar para trás com o E SE? não adianta nada (a não ser para render boas histórias como esta), pois ele apenas deixará uma grande dúvida que nunca será respondida.

E que talvez gere (muita) angústia e decepção.

E que, por isso mesmo, deve ser evitado até porque, na prática, não faz diferença porque não conseguirá mais criar um novo futuro.

A diferença no futuro é sempre feita no presente e é construída todos os dias baseada no E SE fizermos isto agora?

Como quando ele usou o E SE eu continuar aquela história dos 7 reinos? e foi em frente.

Como você também deve estar pensando “E SE eu começar a…”?

Pois é, o que te impede?

Afinal, a vida é que o que ela é e não o que poderia ter sido.

E o resto é paisagem. 😉

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Português que nasceu em Moçambique, foi criado no Brasil, empreendeu em Portugal e agora está de volta ao Brasil para continuar ajudando as pessoas a transformarem o conhecimento em um negócio/produto de valor.

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