Um fim não é o fim

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No artigo de hoje temos um poema, uma história de sucesso e uma de fracasso.

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Às vezes a vida te dá uma rasteira,
Outras vezes é só um tropeção.
Às vezes entramos em becos sem saída
E outras vezes em contra mão.

Frustrar?
Frustra.
E recomeçar assusta.

Cansar?
Cansa,
Mas renova-se a esperança.

Pois só acerta quem errou
E entendeu
o significado de cada cicatriz.

Fracassar não é ser fracassado,
Mas não lutar é viver derrotado

Então, tentemos outra vez
E tantas quantas forem necessárias,
Pois seguir tentando é a nossa única opção.
E, sendo a única, quem é louco de abrir mão?

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Outro dia resgatei para um cliente esse poema, que escrevi há muito tempo, pois ele se sentia o fracasso em pessoa por conta de um negócio que deu errado.

Quem nunca, né?

Lembrei-o que o fracasso é sempre sobre o que fazemos (ou tentamos), mas nunca sobre quem somos, pois estamos sempre aprendendo e evoluindo.

Dói?

Muito.

Mas não é o fim do caminho.

Ou melhor, pode ser no máximo o final daquele caminho, mas não é o final da nossa caminhada.

Como aconteceu com o Clube dos Livros Voadores, do qual você nunca ouviu falar.

Quando mudei para Portugal, empreendi em dois ramos: um “sem graça e sem glamour” e outro que era um sonho pelo qual sempre fui apaixonado: a literatura.

E, com a filha pequena numa terra estrangeira, mais do que nunca vivíamos cercados de livros por todos os lados.

Aliás, se você já folheou algum livro ilustrado infantil, sabe o quanto é rápido ler todos os livros infantis disponíveis na seção de lançamentos – e era o que fazíamos.

Daí para fazer algo parecido com o Leiturinha, clube de leitura de livros infantis que há no Brasil, foi um pulo.

Pesquisa daqui, pesquisa dali, conversa acolá, identifiquei que já havia um clube parecido, feito na raça por uma portuguesa, mas que era trimestral.

Quanto à Leya, que é a maior editora portuguesa e uma das mais importantes em língua portuguesa do mundo, e obviamente o possível maior concorrente, nada no radar.

Conversa com as outras editoras aqui e ali, logo elas se mostraram interessadas no modelo de negócio.

Pesquisa daqui e dali com pais e mães, e a oportunidade era mesmo real.

Daí para montar a empresa, o site e preparar o go-to-market deste projeto que me enchia de orgulho foi um pulo.

Tudo lindo e maravilhoso até que uma bomba atômica foi disparada na semana em que o Clube iria ao ar.

A Leya, ela mesmo, tirou o seu clubinho da cartola com pompa e circunstância e lançou o seu “Clube de Leytura” de livros infantis.

Preço da assinatura mensal com 2 livros?

9,90 €.

O preço do Clube dos Livros Voadores, já suando bastante nas negociações que estava fazendo, era de 19,90 €.

BUUUUM!!!

Os livros voadores, que esquentavam os motores e já estavam prontos para decolarem, foram todos abatidos em terra firme.

E não porque não tinha feito o meu papel – e fiz todos, como se ainda estivesse na área de produtos da Ticket, quando levamos um produto que faturava R$ 100 milhões/ano para 1 bi/ano.

Mas empreender é assim mesmo, assumir altos riscos, e por melhor que você tenha feito o seu papel, ainda assim o destino poderá lhe surpreender com um belo golpe.

Golpe este, que nos filmes mais arrebatadores costuma ser de sorte, mas aqui foi um punch bem dado na ponta do queixo.

Nocaute.

Ainda tentamos fazer alguns ajustes na rota, mas já era tarde demais.

Lembra do velho discurso de não colocar todos os ovos na mesma cesta e nem de jogar o que paga as suas contas para o alto antes do plano B começar a render alguma coisa?

Pois é.

Felizmente não foi o caso, pois como havia dito lá em cima, em paralelo estava com outra empresa “sem graça e sem glamour”, mas com um grande potencial devido ao crescente turismo em Portugal: transportes.

E essa empresa vinha vencendo as etapas da burocracia portuguesa e tinha recebido o sinal verde para o financiamento do primeiro veículo.

E, coincidência ou não, naquela mesma semana em que o clubinho estava sendo nocauteado, a Uber havia dado o ok para registrar o veículo (as regras em Portugal eram diferentes) e, então, contratamos o primeiro motorista.

Se os livros voadores não decolaram, na semana seguinte aquele carro já tinha começado a rodar.

E o negócio começou a prosperar, tanto com turistas nos transfers do-e-para o aeroporto, como no transporte de passageiros no dia a dia da cidade.

Até que recebemos uma proposta (dos sonhos) para entrar no ramo de turismo, que iria levar a empresa para outro patamar.

Mas, então, veio a pandemia, o contrato teve que ser cancelado (o que, por conta das circunstâncias, acabou sendo ótimo), os veículos ficaram parados e tudo voltou à estaca zero.

Pois é, o mundo é mau e o destino havia aplicado mais um duro golpe.

Se foi o fim do turismo como conhecíamos, na retomada a demanda pelos serviços de transportes disparou (porque muitas empresas, com os veículos parados, quebraram na pandemia – a nossa, não) e a prosperidade voltou acelerada.

Mas como cachorro picado por cobra tem medo de linguiça, aproveitamos a alta demanda para vender a empresa e seguir novos rumos, que mais à frente acabaram nos trazendo de volta ao Brasil.

Enfim, por mais que o mundo se esforce para ser mau e o destino tenha lá os seus caprichos, no fundo no fundo ainda acredito que eles são muito “gente boa” e conspiram a nosso favor.

De verdade.

É que a forma como eles nos mostram que ainda não acertamos o caminho ou que precisamos ajustar a rota é muito esquisita, irritante e dolorosa até, mas é o jeito deles.

Um fim não é o fim.

É apenas o início de uma nova caminhada, numa nova rota, mas com uma nova bagagem (além das cicatrizes) nas costas e novos aprendizados que serão úteis nos próximos quilômetros.

E, o quanto antes aceitarmos esse recado e seguirmos em frente, melhor.

Um grande abraço e vamos que vamos! 😉

Eduardo Lopes

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Foto da capa: Raphael Renter

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Para quem já foi gago e ainda é (bem) tímido, é curioso como amo ativar o modo orador para fazer mais treinamentos, um lançamento de campanha de vendas e a palestra no World Creativity Day na semana que vem.

E o bonequinho, além de ser uma trend divertida (já fez o seu?), funciona como um lembrete de que muitas vezes a nossa maior “fraqueza” (ou o nosso maior medo) acaba se transformando num grande “super poder”.

Mas isso é papo para outro artigo, né?

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O maior festival colaborativo de criatividade do planeta está chegando e será uma honra dividir o palco com o Renan De Almeida Campos no dia 23/4 para falarmos sobre “Pense diferente: como a criatividade e a inovação moldam o mundo”.

Se você mora em Jundiaí ou nas cidades vizinhas, chega mais (entrada gratuita) para conhecer a programação e participar deste evento, que a Fabi Pincinato está organizando com todo o carinho.

Se você mora em outra cidade, entre no site da World Creativity Day e veja se o WCD acontecerá por lá também (já mais de 50 cidades participantes).

Participe, divulgue e faça parte dessa onda criativa.

Te vejo lá! 😉

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Precisando da minha ajuda para fazer acontecer?

Poderei ajudar destas 2 formas (clique no link):

– Palestras para injetar doses de inspiração, criatividade e atitude nos colaboradores da sua empresa.

– “Tire o elefante da sala”, livro para ajudar a quebrar o círculo vicioso da inércia e tirar os projetos do papel.

Português que nasceu em Moçambique, foi criado no Brasil, empreendeu em Portugal e agora está de volta ao Brasil para continuar ajudando as pessoas a transformarem o conhecimento em um negócio/produto de valor.

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