Por Eduardo M.R. Lopes
Com a quarentena e a restrição para sairmos à rua, passamos dias e noites sufocados dentro de casa e – adivinha? – na frente do computador.
Digitamos durante o dia inteiro em nosso home office, e em muitos casos à noite também, e isso está acabando com a nossa criatividade.
“Mas já não era assim?”, você deve estar se perguntando.
Era, mas agora é diferente porque não podemos ir para a rua.
E ir para a rua – seja para ir ao trabalho, passear ou fazer alguma outra atividade, era exatamente uma das formas mais simples e quase involuntária que fazia com que o nosso cérebro ganhasse novos estímulos para conectar e gerar ideias.
E como ser mais criativo, gerar novas ideias e resolver melhor os problemas diante deste cenário?
Saindo da frente de todas as telas e colocando a mão – literalmente – na massa.
O computador alimenta o perfeccionismo paranoico
Como já dizia o Austin Kleon no livro “Roube como um artista”, o computador é um excelente lugar para editar as ideias, melhora-las e lança-las ao mundo.
Entretanto, para gerar novas ideias já não é tão bom assim, justamente porque começamos a editar as ideias antes de tê-las.
Com apenas um ou dois cliques, o perfeccionista que há em cada um de nós entra em campo e começa a corrigir tudo o que ainda nem criamos direito.
E, o que é pior, a partir daí segue digitando freneticamente, como se não houvesse amanhã, para acabar logo com as tarefas justamente em cima da mesma base de sempre.
O novo foi atropelado e nem paramos para socorrê-lo, pois seguimos hipnotizados em frente ao computador até a hora de irmos tomar um café na cozinha ou ir ver o que os filhos estão aprontando na sala.
E quebras de padrões como essas na jornada de trabalho são sempre positivas para o nosso cérebro, pois o tira do “piloto automático” com novos estímulos que o obriga a fazer novas conexões.
Ainda assim, há uma forma mais interessante para fazer destas quebras um verdadeiro laboratório, onde o cérebro passará ser melhor estimulado para gerar mais e melhores ideias.
Mas antes vamos abrir um parêntesis para lembrarmos do ócio criativo do Domenico De Masi:
“Exercitamos atividades cada vez mais intelectuais, que implicam cansaço mental. E, para o cansaço mental, a compensação é justamente o ócio. (…) O Ócio Criativo é aquela trabalheira mental que acontece até quando estamos fisicamente parados. Ociar não significa não pensar. Significa não pensar regrar obrigatórias, não ser assediado pelo cronômetro, não obedecer aos percursos da racionalidade e todas aquelas coisas que Ford e Taylor tinham inventado para bitolar o trabalho executivo e torná-lo eficiente.”
Domenico De Masi
Crie uma nova realidade paralela e use as mãos
Se formos parar para pensar bem, tanto essas pequenas pausas, como os passeios e as atividades extras que fomentam o nosso ócio criativo, já são, de certa forma, uma realidade paralela que acessamos inconscientemente para “arejar as ideias”.
Mas e agora, nesses tempos de quarentena, onde momentaneamente perdemos grande parte disto, como melhorar o potencial criativo e não surtar de vez?
E a resposta é tão simples quanto: criar uma nova realidade paralela que privilegie o uso das mãos.
Isto porque já é sabido pela neurociência que os trabalhos manuais provocam uma sensação de relaxamento e bem estar ao mesmo tempo em que o cérebro é instigado e desafiado para a solução dos problemas.
Ou seja, eles reduzem o estresse e aumentam a criatividade.
Por isso que o Austin Kleon vai mais além e defende a importância (principalmente para os que trabalham em home office) de se ter uma estação de trabalho “digital” e outra “analógica”.
Afinal, se as pausas são importantes para quebrar o “piloto automático” cerebral, usar as mãos na estação analógica – seja para desenhar, rabiscar, cortar, etc – é uma excelente forma de ativar o cérebro para gerar novas ideias e conexões enquanto se relaxa.
E quanto mais se transitar com consistência alternando entre estes dois mundos – usando a estação analógica para gerar ideias e a estação digital para concretizá-las – o dia a dia acabará sendo mais produtivo e criativo.
Mas isso funciona na prática?
Para quem me acompanha no Instagram (@eduardolopes), já percebeu que nesta quarentena já fiz vários pequenos zines numa folha de papel A4 com assuntos diversos.
E a razão é justamente por conta de tudo o que escrevi até aqui, que aliás me inspirou a fazer um zine também sobre este assunto.
Aprendi a fazê-los com o Austin Kleon (@austinkleon) e, desde então, o tempo que tenho dedicado a construir cada um deles durante esses intervalos tem sido um verdadeiro bálsamo criativo ao longo do meu dia.
Não só tenho sido mais produtivo, como voltei a escrever mais e em menos tempo do que escrevia antes, além de me sentir mais relaxado e com muito mais ideias para criar projetos e desenvolver os que estão aparecendo pelo caminho.
Enfim, um verdadeiro ganha-ganha.
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Concordo com vc,embora o não consiga fazer
infelizmente, mas sei que vc o faz .
É a tua cara.
Parabéns.
Bjs
😉