Se a crise ainda continua forte em alguns setores, em outros tudo parece ser só alegria.
Repito: parece.
Resultados financeiros à parte, quem move as empresas (sendo você o patrão, o próprio chefe ou o empregado) são as pessoas.
São elas os verdadeiros agentes de transformação que, de um jeito ou de outro, promovem (ou deixam de promover) as mudanças necessárias para o desenvolvimento e o crescimento sustentável de qualquer negócio.
A grande questão é: quando essas pessoas estão amarradas dentro de ciclos viciosos na construção de suas carreiras, como é que conseguirão ajudar estas empresas (e a si mesmos) a crescerem?
E mais: como identificar se estão ou não?
O principal e o mais óbvio de todos é que cada profissional seja sincero consigo mesmo e analise friamente se o trabalho que está desenvolvendo (independente da posição em que esteja) possui algum significado que seja especial e verdadeiro de acordo com os seus valores e crenças.
E os três mais comuns são: a realização (tanto para ela e como para os beneficiários da atividade), o aprendizado (para que futuramente possa almejar trabalhos com maior grau de responsabilidade), e o desafio (para superar algo bastante complicado e mostrar que o profissional é capaz).
Quando nenhum destes três desponta em primeiro lugar, imediatamente surgirá com toda a força a questão financeira, e será justamente neste instante que o profissional perceberá que já está dentro de um perigoso ciclo vicioso.
Afinal, se ele não visualiza nenhum significado no seu trabalho, começará a achar que deveria ganhar mais porque “tem que ganhar mais”.
Então começará a olhar o chefe com cara feia e a falar mal dele para todo mundo, gerando assim antipatia e infelicidade neste profissional cada vez que os seus desejos (que nem sempre dependem da boa vontade do chefe) não sejam plenamente atendidos.
Como ele está infeliz e a “culpa é do chefe”, o trabalho passa a ser um fardo pesado para onde ele começa a ir de má vontade, externando involuntariamente esta negatividade (contra o trabalho, contra o chefe e contra a empresa) para os demais colegas, ajudando assim a criar um ambiente não muito saudável (principalmente para ele).
Neste ambiente ruim, ele se colocará na posição de vítima, e todos os demais colegas, que por alguma razão falarem bem da empresa ou dos seus chefes, se tornarão automaticamente seus inimigos.
Ele estará cada vez menos disposto a ajudá-los nos projetos que sejam desenvolvidos em conjunto, pois de acordo com a sua lógica irracional, o sucesso dos demais será a razão para que ele seja sempre “o” prejudicado.
De uma forma quase matemática, como o seu trabalho passou a ser uma verdadeira tortura, a sua saúde começará a ficar prejudicada, o nível da qualidade dos seus entregáveis começará a deixar a desejar, e aí o seu chefe começará a pegar cada vez mais no seu pé (e com razão), o que o deixará ainda mais estressado.
Além disso, qualquer elogio ou promoção dos colegas aumentará ainda mais o seu sentimento de “vítima”, fazendo com que passe a odiar e a contribuir cada vez menos com os colegas, o que fará com que a qualidade dos seus entregáveis continue caindo, o chefe pegue ainda mais no seu pé e a sua insatisfação com a empresa, com o chefe e com os colegas aumente cada vez mais rápido.
E aí não haverá muita escolha: ou ele será convidado a sair ou sairá antes de receber o convite, mas o pior de tudo é que se não houver uma mudança drástica na sua atitude, na próxima empresa ele continuará agindo da mesma forma e o final será bem parecido.
Quanto ao dinheiro, não é que ele não seja importante, muito pelo contrário, pois todos temos (ou teremos) uma família para criar e desejos materiais (grandes ou pequenos) a serem satisfeitos.
Entretanto, a grande questão é que quando ele não estiver mais atrelado ao prazer da realização, ao aprendizado ou ao desafio, e passar a ser a única força-motriz da sua carreira, invariavelmente a aposentadoria chegará e o profissional perceberá o quão vazia foi toda a sua experiência profissional.
E, pior, o quão infeliz foi desperdiçar tanto tempo fazendo várias coisas em tantas empresas que nunca lhe trouxeram alguma felicidade e/ou resultado.
Afinal, comer amendoim jogando baralho na pracinha, enquanto se vangloria dos chefes babacas que “superou” e dos trabalhos que teve que aturar “para nada” não parece ser um futuro muito brilhante para quando se aposentar, não é mesmo?
Desta forma, quanto mais rápida e sincera for esta autoanálise, maiores serão as chances de encontrar o teu “por quê?” e assim começar a trilhar um ciclo virtuoso que te colocará no caminho para a realização pessoal e profissional.
E, então, o mercado, os colegas, a família e a sua própria saúde agradecerão imensamente. 😉