Antes de passar a vida procurando a chave, verifique se a porta não está aberta

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Esta semana estava assistindo ao ótimo filme O Tigre Branco na Netflix, quando uma frase chacoalhou a minha cabeça.

Para quem ainda não assistiu, e como bem disse o jornalista André Forastieri, o filme é uma interessante mistura de Parasita com Quem quer ser um milionário?, mostrando a Índia com uma crueza como ela talvez seja.

Ali um empreendedor indiano narra de forma bastante curiosa e cativante como, moral e ética à parte, conseguiu fazer o salto da casta que nasceu para ser serviçal para a casta que nasceu para ser patrão.

Há críticas sociais e políticas para todos os lados, mas é interessante (para nós que não moramos lá) observar como é apresentada essa questão da divisão das castas.

Seja pela religião como pela cultura, ela sustenta uma linha invisível que, ao mesmo tempo que separa, mantém esse sistema unido e funcionando desde sempre.

E é nesse contexto que um milionário indiano contrata o narrador para torna-se motorista do seu filho, que havia passado um período nos Estados Unidos onde conheceu a namorada, que também é indiana.

Ela, então, refletindo sobre essa questão de permanecer ou não na Índia, do destino das castas e de continuar sendo o que é ou não, diz para o narrador:

Você passou a vida procurando a chave quando a porta esteve sempre aberta

A chave.

É óbvio que lá há outras questões (religiosas e culturais) envolvidas, mas a metáfora por aqui é poderosa.

Logo me veio à cabeça a desculpa perfeita que costumamos inventar para sabotar os nossos próprios projetos e não seguirmos adiante.

Um disfarce simpático para o medo de tentar, o medo do que os outros poderão achar ou o medo de fracassar.

Ou, ainda, para a insegurança por não nos sentirmos preparados (mas será que algum dia estaremos?).

A tal síndrome do impostor que, aos poucos, vai quebrando os nossos sonhos em pedaços, que logo varremos para debaixo do tapete da correria em nosso dia a dia.

Desta forma continuamos presos na mesmice, ancorados como aqueles elefantes de circo que ficavam com uma corda na perna amarrada a um banquinho, ignorando a própria força.

E pior: a platéia ao nosso redor apenas olha, indiferente, se iremos conseguir nos libertar ou não.

Se iremos tentar ou não.

Se dará certo ou não.

Afinal, todo mundo tem mais o que fazer.

Enquanto isso, o tempo vai passando e seguimos conformados com o destino que achamos que merecemos.

Até o dia em que lembraremos, tristes, que tínhamos tudo nas mãos para realizar um monte de coisas que, se dessem certo, poderiam ter sido maravilhosas e transformado as nossas vidas.

E essas lembranças se transformarão nas dezenas de “não tentativas” que deixamos pelo caminho porque achamos que estavam faltando as chaves que abririam algumas dessas portas.

Ah, claro, as chaves – sempre elas!

Mas uma hora chegaremos a conclusão que algumas destas chaves estavam o tempo todo em nossos bolsos.

E outra hora perceberemos que muitas dessas portas nem precisavam de chaves para serem abertas.

Era só ter empurrado as maçanetas.

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Português que nasceu em Moçambique, foi criado no Brasil, empreendeu em Portugal e agora está de volta ao Brasil para continuar ajudando as pessoas a transformarem o conhecimento em um negócio/produto de valor.

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