Em alguns dias da semana, costumo ir caminhando com a minha filha para acompanhá-la até a escola.
Agora que ela entrou em férias, continuei mantendo essa rotina de caminhar bem cedo, mas optei por deixá-la dormindo.
Afinal, época de férias é bom para dormir um pouco até mais tarde, certo?
Só que isso era o que EU achava.
Até que ela descobriu e então veio me perguntar:
– Papai, por quê não posso caminhar contigo?
– Para te deixar dormindo até mais tarde.
– Mas eu prefiro caminhar contigo.
– Sério?
– Sim.
Pois é.
E assim tem sido, duas ou três vezes por semana, lá vamos nós felizes e contentes fazer a nossa caminhada matinal.
E sabe o que é mais curioso disso tudo?
É perceber como tomei uma decisão (errada) através de uma suposição sobre o que seria o melhor para ela, subestimando uma coisa básica: o valor gerado.
Para ela, caminhar comigo tem um grande valor e por isso ela está disposta, nesses dias, a acordar mais cedo para fazer isso – o que, como pai, deixa-me imensamente feliz, diga-se de passagem.
E esse tapa com uma luvinha de pelica infantil vale para tudo na vida.
Afinal, quantas oportunidades perdemos só porque deixamos de perguntar para as outras pessoas se isto gera valor ou não para elas?
Quantas coisas deixamos de fazer preocupados com o que elas poderão pensar, subestimando a nossa própria capacidade de entrega – mesmo nas coisas mais simples e cotidianas?
E quantas vezes deixamos a insegurança falar mais alto e tomamos uma decisão (negativa) em nossa cabeça por elas, quando o que elas estão esperando de nós, na verdade, é exatamente o contrário?
Quando elas estão esperando apenas um convite?
Uma oferta.
Afinal, qualquer expectativa só irá virar realidade (boa ou ruim) quando entrar em campo.
Quando oferecermos, perguntarmos e testarmos.
E não quando nos perdemos em suposições infinitas, supondo e supondo até que a nossa insegurança fale mais alto e resolva acabar com essa história.
Então será mais um triste caso para ser levado para o cemitério das ideias geniais que morreram dentro da nossa cabeça.
E será mais uma pontada de tristeza para minar a nossa autoestima com algo que acabou na dúvida, pois sequer demos a oportunidade para que ela tentasse chegar até a luz.
O que por si só já carrega uma frustração em dose dupla.
Afinal, tudo o que o dá errado nos frustra uma vez com o resultado em si, mas pelo menos aprendemos com o erro e voltamos (ou deveríamos voltar) mais fortes.
Já tudo o que acaba em dúvida nos frustra duas vezes porque 1) jamais saberemos qual teria sido o resultado e 2) a sensação de que poderia ter dado certo seguirá como uma fantasma nos atormentando por algum ou muito tempo.
Sem falar também que as outras pessoas, aquelas que mais estavam ou ainda estão à espera desta sua ideia que talvez resolvesse o problema delas, jamais saberão.
E assim continuarão procurando com os outros, enquanto você continuará supondo.
Supondo, supondo e supondo.
Até o dia em que se der conta de que dez já se passaram, ninguém te disse quando era para começar a correr e você perdeu o tiro de largada, conforme cantava o Pink Floyd na clássica canção.
Mas aí já é outra história, né? 😉
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