Você conhece o TED Talks, já viu centenas de vídeos, mas talvez o novo estagiário da empresa ainda não.
– Pô, Edu, mas como assim?
Assim, assim: esta semana presenciei num café uma moça conversando (alto) com um jovem estagiário na mesa ao lado, dando-lhe várias dicas de vídeos do TED para assistir “que ajudará na carreira”.
Confesso que o instinto de julgamento também veio logo à tona, mas desapareceu imediatamente ao perceber a expressão no rosto do rapaz, que era um misto de encantamento com alegria.
O mesmo encantamento e alegria que tive há mais de dez anos, quando vi pela primeira vez o (hoje) clássico De onde vem as boas ideias , e aquele mundo novo se abriu para mim.
E entrei.
Sem julgamentos.
Até porque eles são uma grande e poderosa barreira que não só prejudica a criatividade e inibe (por tabela) a gestação das boas ideias, como principalmente emperra as ações que tomamos em nossas vidas.
E isto torna-se um ciclo vicioso incômodo, pois quanto mais julgamos, mais achamos que os outros nos julgarão na mesma proporção.
E, então, inconscientemente começamos a deixar de ousar, deixar de tentar coisas novas e ter medo de mostrar as nossas criações por causa do medo… do julgamento alheio!
O tal do e se não der certo, o que os outros irão dizer?
E então voltamos pro nosso feijãozinho com arroz, fazendo o que é o garantido e esperado.
E isso é que é o pior porque iremos fazer não porque estamos convencidos de que seja o melhor ou que esteja à altura da nossa capacidade, mas sim porque achamos que é o que os outros esperam que façamos.
Mas quando finalmente entendemos que os outros estão pouco ou nada se importando com o que fazemos, quebramos o ciclo e a mágica acontece.
Claro que não é fácil tirar essa barreira e quebrar este ciclo num piscar de olhos, mas é por isso mesmo que isto deve ser encarado como um exercício diário, pois quanto mais rápido conseguirmos olhar as coisas sem ela à nossa frente, mais fácil se tornará enxergarmos as obviedades da vida.
Como esta, por exemplo, de que por mais que coisas como um TED possam ser óbvias demais para mim e para você HOJE, ainda assim há várias outras coisas (banais, inclusive) que, por “n” razões, tanto nós como as pessoas ao nosso redor desconhecem completamente.
Não superestime o seu interlocutor e também jamais se subestime.
E não tenha medo de começar pelo óbvio.
Afinal, quanto mais estivermos dispostos a compartilhar essas obviedades que fazem parte da nossa jornada, independente do quão longe nós ou as pessoas ao nosso redor estejam, melhor para todos.
Até porque haverá sempre alguém que olhará para as nossas pegadas e também poderá querer caminhar ou cortar caminho por elas – como aquele jovem estagiário que estava lá no café.
Será nesse instante que o que é óbvio para nós também se tornará óbvio para quem nos acompanha.
E será exatamente aí, quando é quebrada essa barreira dos julgamentos tanto por quem fala como por quem ouve, que começará a ser construída uma nova comunidade.
Uma comunidade que crescerá sempre a partir do que é óbvio para alguém, mas que poderá ser uma novidade preciosa para outra pessoa.
E o óbvio, não custa lembrar, só se torna óbvio quando é dito.
Obviamente, né? 😉