Há ditados populares que parecem que foram feitos para manter o status quo e inibir o poder criativo de cada um.
Como aquele que diz que “a curiosidade matou o gato”.
Repara que normalmente ele é usado como uma forma das outras pessoas colocarem um sinal vermelho em nosso caminho quando queremos investigar mais a respeito de algo.
Até aí tudo (mais ou menos) bem, pois cada um fala o que quer e cabe a nós aceitarmos e seguirmos ou não o que foi falado.
Mas se você é essa pessoa que freia a sua própria curiosidade, então aí estará formado um problema.
Isto porque a curiosidade é o que nos faz avançar, descobrir novas possibilidades e abrir as portas de novos caminhos para a construção do futuro.
Logo, quanto mais bloquearmos a curiosidade que há em cada um de nós, mais bloquearemos a criatividade e tenderemos a repetir os mesmos padrões de sempre, transformando o futuro num looping eterno do presente.
E nos limitaremos assim a continuar a viagem no banco de carona da vida, janelas abertas, apreciando a paisagem, com a ilusória sensação de segurança de que o nosso tradicional piloto automático saberá o caminho.
Até o dia em que alguma variável incontrolável aparecer pela frente, forçando a quebra desse círculo vicioso da inércia em que nos enfiamos, muitas vezes sem nos darmos conta.
Aí será aquele corre-corre para assumir a direção, caçando cursos de criatividade e afins para tentar fazer com o que o cérebro, que estava lá quietinho, acomodado e (quase) enferrujando, volte a entrar em ação na marra para “arrumar soluções fora da caixa”.
E a solução nunca será pensar fora da caixa, mas sim quebrar a caixa de uma vez por todas.
E ela só é quebrada quando se exercita a curiosidade no dia a dia, que acaba funcionando tal e qual o óleo que há nos motores dos automóveis.
É ela que vai lubrificando o nosso cérebro, azeitando as sinapses, e trabalhando melhor ainda quando utiliza um dos aditivos mais poderosos do universo, que aliás volta e meia sempre falo por aqui: o “E SE?”.
É o “E SE?” que aguça cada vez mais a curiosidade e mantêm esse motor em movimento, pois te faz pensar, estimula a criatividade para imaginar cenários, soluções e provocar reflexões, que talvez de outra forma nunca te ocorreriam.
E são essas reflexões que acabarão gerando novas decisões.
E as decisões transformarão vidas.
Mas se você não for curioso, jamais irá saber, né? 😉
(continua abaixo)
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Se a curiosidade é o que tira o seu cérebro do marasmo cotidiano, a forma como você examina o assunto em questão é o que fará toda a diferença para o próximo passo.
Afinal, você tem olhado para o mundo com atenção ou com intenção?
Se você já passou por algum lugar que tenha mato, dependendo da região é provável que tenha ficado com a calça ou o tênis cheio daqueles plantinhas grudadas, que são os carrapichos.
Ao passar novamente, e começando a olhar com atenção, você até os conseguirá identificar e tentará passar bem longe deles.
Mas, e se olhar com intenção?
Foi o que fez o engenheiro suíço Georges Mestral em 1941, que diante desse mesmo problema ao passear com o seu cachorro, ao invés de ficar só irritado resolveu verificar como é que aquelas plantinhas conseguiam grudar tão bem.
Nascia assim, resumidamente, o velcro e o resto é história.
Mais uma vez: a curiosidade é a mãe da criatividade, logo se você se acha “menos criativo”, talvez seja porque tenha andado bloqueando a curiosidade da qual falamos lá no início.
Ela é o primeiro (e importante) passo, mas ainda assim para resolver os problemas de forma criativa não basta apenas continuar olhando para o mundo com atenção.
É preciso colocar uma intenção, que então o nosso foco se ajustará e ficaremos cada vez mais próximos das soluções – aquele tal do “momento eureka”, quando conseguimos conectar os pontos.
E, muitas vezes, a resposta estará ali mesmo bem diante dos nossos olhos.
Afinal, como já dizia o mestre Saramago no clássico Ensaio sobre a cegueira:
“Se podes olhar, vê; se podes ver, repara”. 😉
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Fotos: Lagarto – Philipp Torres / Lupa – Marten Newhall
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